quarta-feira, 18 de junho de 2008

Nem Toda Sexta-Feira é Treze. Ainda Bem.

Eu não sou supersticioso. Tudo bem, eu tenho lá minhas mandigas porque, sei não, vai que acontece algo? Mas supersticioso de carteirinha, com mapa astral feito, de não passar por baixo de escada, de levantar com o pé direito, ou de mandar cartas pra revistinha do João Bidu, ah, isso não. Mas tenho que admitir, quando eu abro o jornal eu quero saber do meu horóscopo, sim. E não me importo se ele foi escrito por estudantes de jornalismo do sexto período na disciplina de ciências ocultas. Ou fajutas. Eu rôo minhas unhas e as guardo no bolso. Tá bom! É falta de higiene, mas se alguém um dia pegar suas unhas e lhe fizer uma macumba , você vai lembrar de mim. Eu gosto do meu lençol com uma dobra. Na marca do ferro. Senão, posso ter pesadelos. E daí se eu não teria? Experimente você. Mas quanto às sexta-feira treze, nunca me preocupei, A não ser quando o Jason queria aparecer na janela do meu banheiro junto com o Freddy Krueger. Mas isso é outra história e já faz mais de vinte anos. Só que essa sexta foi diferente. Tudo corria bem. Eu teria que viajar às 9 e meia em um ônibus que sempre atrasa e passa às 10 e meia. Cheguei na rodoviária às 9 e dez, e qual não foi minha surpresa ao verificar que o pneu estava furado. Ao abrir o bagageiro, lembrei que meu pai tinha deixado o estepe na borracharia há quase um mês. Afinal, onde é o melhor lugar pra se guardar um estepe se não na borracharia perto de casa? Decidi ir a um posto encher o pneu porque não podia deixar a mulher voltar sozinha. Após encher e constatar que o pneu não estava furado, decidi voltar à rodoviária. Mas a minha mãe liga - claro que pro celular da Carine, porque o meu, perdi pela vigésima sétima vez -, dizendo que eu havia esquecido... a mala. Que pessoa viaja e esquece a mala em casa? E eu nem estava com a sensação peculiar de 'estar esquecendo alguma coisa' que acomete todos os marinheiros de primeira, segunda ou terceira viagem. Voltei em casa. Peguei a mala, voltei à rodoviária. Cheguei às 9 e 50. O ônibus tinha acabado de sair pra garagem. Implorei, expliquei, fiz beicinho, disseram que iriam ligar para o ônibus voltar, porque se tem bagagem, só pode embarcar na rodoviária. Feliz da vida porque o ônibus tinha voltado, embarquei, me gabando ainda pros funcionários da empresa que eu tinha os ajudado a ganhar mais dinheiro, já que por minha causa, venderam 6 passagens a mais, de outras pessoas que provavelmente tinham esquecido outra coisa em casa, que não a mala. Achar minha poltrona, fora quase uma caça ao tesouro. A vinte sete estava ocupada, apesar de marcada no meu bilhete porque a dona da 41 encontrou outra pessoa em seu lugar e decidira que ali seria seu novo lugar. Na 41 a senhora disse que só sairia daquele lugar para o dela porque já tinha mudado de lugar pelo menos três vezs. E o dela, lógico, estava ocupado por outra pessoa que tinha seu lugar ocupado. Dá pra imaginar: joana que sentou no lugar de joão, que sentou no lugar de maria, que sentou no lugar de pedro, que sentou no lugar de Samuel que ficou sem cadeira. Rapidamente alguém se manifestou 'senta aqui. Aqui tem lugar.' Poltrona 13! Eu já tava achando esse número cabalístico demais, mas era lá, ou ir em pé. Sentei. O motorista deu o maior cagaço em 'quem' fora o responsável em fazer o ônibus voltar e após ouvir de alguns passageiros mais apressados 'que aquilo era uma molecagem, que era uma falta de respeito com os outros passageiros', coloquei o cinto, tomei meu Dramin, e me virei pra dormir. Só fui acordado por um funcionário da empresa me dizendo que devia reclamar por ter quase ficado sem lugar e que reclamasse também do funcionário que tinha despachado minha mala e tinha sido mal educado comigo. 'Não, tudo bem! Isso acontece' foram as únicas palavras que eu consegui dizer. E de olhos fechados e com um sorriso contido, dormi. Eu não sei se fora a data, mas por via das dúvidas, na próxima sexta-feira treze não me olho no espelho. Afinal, ver um gato preto dá azar!

4 comentários:

Melissa Vale disse...

Para variar mais um texto perfeito.

E adorei o desfecho.

kkkkkkkkkkkkkkkkk!

Beijo.

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkk... adorei. Às vezes isso acontece comigo tbm, saio de casa sem ter a senção de esquecer algo, mesmo q eu tenha esquecido... vou voltar sempre, pode esperar. xero

André Gonçalves disse...

olá.
muito bom texto!
o "coisas de amor largadas na noite" pode ser encontrado na Des Livres ou na Universitária. ou, ainda, comigo mesmo: só mandar um mail que a gente combina. o preço é o mesmo: 20 reais.
obrigado por ter ido atrás dos livros na noite. pena que não conseguiu. abraço!

Anônimo disse...

Cômico demais para uma sexta-feia 13! rs rs
boa história!!


*obrigado pela visita