sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Sobre os Meus Vinte e Sete

Desde pequenos somos acostumados a lidar com os números. Talvez a primeira menção seja ao fazermos o primeiro ano de vida e já vêm inúmeros adultos desagradáveis perguntando quantos anos temos só pra ver-nos levantando um dedo que não fazemos a mínima idéia do que represente. Isso segue nos anos seguintes. E depois querem saber qual a data do aniversário, quantos irmãos temos, quantos coleguinhas têm na sala de aula, querem nos obrigar a aprender o número de casa e uma infinidade de números inúteis ou não. E por isso, todos têm uma série de números de cor. Eu não sou diferente. Tenho decorados um número de identidade, outro de CPF, um telefone de casa, outro do trabalho, e um celular. Um número do meu endereço e a placa do meu carro. Mais uma dúzia de telefones indispensáveis. Um número para meu cadastro de assinante de revistas. O número da minha conta, outro para a agência. Um cartão de crédito e mais outros três CPFs. Meu RENAVAM e minha carteira de estudantes. E várias senhas. Além da data de aniversário de algumas pessoas, apesar de só eventualmente eu lembrar de ligar. Mas tenho outros números no meu estoque. Eu nasci em um fatídico dia 01 do mês do bom gosto e já atropelei um cavalo na estrada. Tenho 02 afilhados que eu queria que fossem meus filhos. Sou o caçula de 03 irmãos e carrego três colares no pescoço. Assisti Titanic 04 vezes só no cinema e bati o carro outras quatro. Já fui 05 vezes padrinho de casamento. Passei seis anos na universidade se considerar o tempo que fiz computação e há 06 anos descobri que é impossível ser feliz sozinho. Eu gosto da música 07 de quase todo disco e normalmente é a que eu mais gosto. Há 08 anos descobri que uma criança pode mudar a sua vida para sempre. Cursei 09 períodos de Odontologia e acho até que poderiam ter sido mais. 10 é meu número de escolha para quantos quilos eu gostaria de perder e quantos centímetros gostaria de ser mais alto. Eu já tive mais de 11 amigos do peito. E já trabalhei em 12 interiores diferentes. Minha última sexta-feira 13 foi punk. Quando era criança esperava ansioso completar 14 anos pra aprender a dirigir por um contrato fajuto feito com minha mãe. Em vão. Com quase 15 emagreci e deixei de vestir quarenta e oito e passei para quarenta; hoje os quarenta ficaram pra trás e os quarenta e oito estão logo ali. Além disso, eu defendo a idéia que quinze minutos de atraso deveriam ser regulamentados por lei. Num dia 16 assumi meu primeiro concurso e larguei cinco dias depois. Só com 17 anos realmente peguei no carro. Quando completei 18 achava que tudo seria diferente. Descobri que não. Eu gostava de comprar cd quando o selo ouro valia 19,90 e não existia cd pirata. Meu e-mail, criei com 20 anos. Por isso o vinte nele. Com 21 eu achei que enfim, tudo seria diferente. Novo engano. O canal que eu mais assistia era o 22, até tirarem do ar. Minha formatura foi na semana que eu fiz 23, mas pra todos os efeitos, concluí com um ano a menos. Meu dia precisava bem mais que 24 horas. Com 25 anos eu emagrecia com muito mais facilidade. Com 26 descobri que não tinha mais vinte e poucos anos. E eu realmente viajo na poltrona vinte e sete, e vinte e sete vezes já disse “estou na ponte” quando eu realmente estava lá. Já perdi minha carteira umas vinte e sete vezes e com 27 eu sei que tudo será infinitamente melhor. Estes são meus. E os seus, quais são?

2 comentários:

Anônimo disse...

Rpz.. Parabéns, 27 anos.
Texto muito bem escrito, a brincadeira com os numeros.
Gostei muito.


Queria eu participar da comemoração,tomar umas. hsahaihsihaus

Felicidades pow.
Abraço.

Anônimo disse...

Parabéns pelos 27 anos!
e outros 27 parabéns pelo belo texto!
Otima brincadeira com as as palavras e os números. Ficou interessante a forma como contou sua vida.

um abraço